sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Esse Bigodudo Merece Respeito

"Para que levar a vida assim tão a sério?
Afinal, a vida é mesmo uma aventura 
da qual não sairemos vivos"
(Belchior - Rock Romance de Um Robô Goliardo*)


Esse bigodudo merece respeito! Esse rapaz latino americano merece ser valorizado! Um dos grandes problemas dos artistas geniais brasileiros é terem nascido no Brasil. Eu amo o meu Brasil. Mas o Brasil dificilmente ama seus artistas. E são artistas que não pedem nada em troca, mas que carregam implicitamente ou explicitamente na sua arte esse jeito tropical e culturalmente diversificado de ser. E Belchior é um dos nossos grandes gênios da arte que possui uma obra musical muito inteligente e prazerosa de se ouvir. Sua sonoridade não se limita a uma tendência musical, Belchior transita entre o cantar nordestino e o cantar quase falado de Bob Dylan, do forró do mestre Luiz Gonzaga à guitarra de Chuck Berry. Essas misturas clandestinas, que ultrapassam fronteiras, transitam na obra desse cearense com uma gama intelectual e cultural ricamente incríveis.


"Cenas dos Próximos Capítulo" que não me deixa mentir, é um álbum que condensa Luiz Gonzaga e a ficção científica da robótica e da eletrônica que, ao passar dos anos, vão deixando de ser ficções e estão se tornando realidade. Esse álbum é do ano de 1984, inserido em pleno estouro do chamado BRock, a era de ouro do Rock Nacional. Belchior, menino prendado e vivido, que ficou nacionalmente conhecido em 1976 com seu álbum "Alucinação", não deixou cair a peteca, não fez feio diante da moçada que nascia com suas bandas de rock na década de oitenta. Nesse disco o bigodudo deu uma aula de boas composições e interpretações pra juventude. Um LP com letras inteligentes e fascinantes, como é de praxe do cearense, uma sonoridade rock-brasileira-nordestina-eletrônica/robótica à maneira Belchior. Enfim, sem mais delongas, apreciem por vocês mesmos a arte peculiar de Belchior! Recomendo!

*link da música da citação do começo do texto: https://youtu.be/YhHYErr2GD8





segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Tom Zé e O Facebook

- "TRIBUNAL DO FEICEBUQUI", de 2013, obra do eterno e mais genuíno tropicalista, Tom Zé, que foi esquecido por anos na nossa música brasileira e teve que ser resgatado das profundezas do obscurantismo por um estrangeiro, o líder do The Talking Heads, David Byrne, que mostrou para o mundo a genialidade desse baiano que foi aplaudido em diversos países da Europa. Tom Zé coloca nesse EP sua crítica ferrenha ao Facebook que se transformou num tribunal onde qualquer um fala o que quer sem o menor rigor, sem o menor respeito, sem medir as consequências, se escondendo por detrás de um perfil virtual. É como Umberto Eco disse numa entrevista: "A internet deu voz aos imbecis". "FACEBOOK DA SANTA SÉ", um grande tribunal virtual. 
O EP (Extended Play) conta com composições, arranjoss e execuções feitas pelas bandas O Terno, Trupe Chá de Boldo, Filarmônica de Pasárgada e com os músicos Tatá Aeroplano e Emicida, contando ainda com Mallu Magalhães assinando o desenho da capa do álbum.
Recomendo que ouçam essa pérola da música brasileira!


FAIXAS:
1. Tribunal do Feicebuqui (Marcelo Segreto/ Gustavo Galo/ Tatá Aeroplano/ Emicida)
2. Zé a Zero (Tom Zé/ Marcelo Segreto/ Tim Bernardes)
3. Papa Francisco, Perdoa Tom Zé (Tim Bernardes/ Tom Zé)
4. Taí (Joubert de Carvalho/ Tom Zé/ Marcelo Segreto)
5. Irará Iralá (Tom Zé)