quarta-feira, 27 de julho de 2016

Passageiros de Trens Diferentes



Olha
Olha o olhar perdido
Olhar vago
Olhar de quem olhou no fundo do profundo do amor mais fundo que a vida lhe concedeu
Pensou que dessa vez ia dar certo
E foi pior do que todos os outros casos
Mais uma noite com a cabeça longe
Eu trago o peito tão marcado de lembranças do passado e você sabe a razão
Esse olhar
Distante
Jovem demais pra viver como se o mundo acabasse toda manhã na hora de acordar
- Deixa aquele livro aí na estante.
- Eu pensei em ler...
- Você nunca leu. Se não leu agora, não vai ler depois.
- E se eu me arrepender?
- Se arrepender de não ter lido nunca o livro?
- Me arrepender de ter te deixado...
- Se você não se arrependeu agora, não vai se arrepender depois.
- Eu levo a impressão de que já vou tarde, mas que nunca deveria ir.
- Eu queria que a gente se perdesse nos lençóis de todas as camas que a gente deitou.
- A vida é sem fantasia.
- Adeus. 
Eu trago o peito tão marcado de lembranças do passado e você sabe a razão

sábado, 23 de julho de 2016

Cultura, Contracultura e Respeito Cultural


A cultura de um povo é a sua mentalidade. Isso quer dizer que o pensamento de um povo é formado pela sua cultura. A cultura é a produção de um povo, ela é constituída essencialmente de crenças, regras morais, comportamentos, hábitos. Basicamente, a cultura é impositiva, pois estabelece o certo e o errado, a verdade e a mentira. A pergunta é: POR QUE A CULTURA DEVE SER ACEITA E ASSIMILADA? Para responder a esta questão, temos que, primeiro, solucionar uma outra: QUEM ESTABELECE A CULTURA? COM QUE DIREITO A CULTURA É ESTABELECIDA? Essas perguntas querem saber simplesmente quem é que estabelece uma cultura e com que direito se pode dizer que esta cultura pode ser estabelecida?


O palco para que uma cultura se estabeleça é o espaço e o tempo. Por isso, no mundo, temos diversas culturas estabelecidas nos múltiplos espaços que vão se transformando no decorrer do tempo. Portanto, cada cultura tem seus costumes, tem suas regras, tem seus certos e errados. O povo mesmo estabelece sua cultura no momento em que estabelece certas normas de comportamento que devem ser seguidas e interiorizadas. Não existe um parâmetro, não existe um modelo absoluto que rege a forma que uma cultura deve ser estabelecida. Ou seja, aqueles que estabelecem uma cultura, não estão se baseando em nenhum modelo absoluto e universal de cultura, simplesmente estão fazendo uso dos costumes anteriores, de seus antepassados, estão aceitando certas normas e transformando outras para, daí, surgir a sua cultura. Isso quer dizer que uma cultura, quando se estabelece, ela deve ser aceita por seus adeptos de uma forma inquestionável. É assim e pronto. É assim porque sempre foi assim. É assim porque devemos respeito ao passado. Conservar os costumes dos antepassados é uma questão de respeito. Convenhamos que esses são os tipos de argumentos utilizados por quem defende uma cultura. Porém são argumentos insustentáveis. E por serem insustentáveis, devem ser questionados! Então uma cultura não deve ser aceita como válida sem que haja, anteriormente, uma reflexão. Precisamos mudar sim uma cultura quando ela é nociva! Mudar fazendo a sua correção. E a contracultura é basicamente isso, essa revolta contra a cultura preestabelecida. Nós, enquanto seres racionais, precisamos refletir sobre as normas da nossa cultura. Às vezes precisamos ser adeptos da contracultura para colocarmos em discussão certas normas culturais impostas.


É papel de cada ser humano ser crítico diante da cultura que lhe é estabelecida. Não podemos simplesmente receber uma cultura como se ela fosse a verdade absoluta, não podemos receber uma cultura como se não houvessem outras formas de pensar, não podemos receber uma cultura sem usar nosso senso crítico sobre o que ela nos diz e o que ela requer de nós. A palavra respeito foi esquecida, foi sufocada pelo certo e errado dos ignorantes. O respeito, que deveria ser a base de toda cultura, está sendo suprimido pelas próprias pessoas que se prendem a hábitos de certo e errado que são intolerantes. Cada um de nós é um universo, cada um de nós tem suas opiniões, isso faz parte da individualidade de cada ser humano, então não podemos achar que nossa posição religiosa, política, ideológica, o que for, seja a verdade absoluta. Temos o direito de defender nossa posição, mas não temos direito de desrespeitar o outro. Podemos nos posicionar contra o outro, mas nunca usando nossa cultura como argumento de que a cultura do outro é errada. São pontos de vista. Segundo a nossa cultura, a do outro pode ser errada. Mas isso é segundo um ponto de vista baseado numa cultura. Então, é simples: sejamos mais críticos. Existem outras formas de se pensar. Sejamos sempre impessoais e vamos em busca de conhecimento sempre, conhecimento de outras culturas, vamos tirar o melhor de cada uma delas.

domingo, 17 de julho de 2016

TROPICÁLIA OU PANIS ET CIRCENCIS


Talvez vocês nunca tenham ouvido falar. Entrou pra história. Fez história. Mudou a história. Mexeu com as estruturas. Balançou. Remexeu as estruturas mentais das pessoas daquele contexto temporal e de toda a história posterior a esta obra. É uma obra. De mais de uma pessoa, de mais de um artista, mas liderada por baianos. Esta é minha teoria: a Bahia é o berço cultural mais rico de todo nosso Brasil. Deslocaram-se da Bahia, foram à São Paulo, deixaram sua marca. Marcou. É um marco não só para a música popular brasileira, mas para tudo que se produz em termos de arte neste nosso país tropical. Tropicalismo. Caetano Veloso e Gilberto Gil. Encabeçaram o movimento revolucionário da arte brasileira. Quem é o restante? Respeite! GAL COSTA, TORQUATO NETO, TOM ZÉ e OS MUTANTES (Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias).

Caetano e Gil
Gal Costa
Tom Zé
Torquato Neto
Os Mutantes

Misturando popular com erudito, comendo o que vinha de fora e vomitando à maneira brasileira, debochando do bem comportado e certinho, sendo rebelde por ser cabeludo, sem gravata, sendo feliz. É mais ou menos assim o som desse disco. É mais que esse menos que eu disse. O maestro Rogério Duprat fazia os arranjos mesclando o cult ao pop, o concerto ao desconserto sonoro desses artistas, vomitando o TROPICALISMO.

Rogério Duprat

RECOMENDO QUE OUÇAM O ÁLBUM!

(Tropicália ou Panis et Circencis, 1968)