quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

PEQUENO CONTO SOBRE O PEQUENO ESPAÇO DE TEMPO QUE É A VIDA


O homem inventou a sociedade com o objetivo de se manter vivo em meio aos perigos que outros seres vivos representavam a ele e contra a violência que o outro homem poderia lhe causar ocasionando, por consequência, sua morte. 


Por isso, inventou leis, regras, costumes, inventou a tal da ética, criou a moral, a culpa, o pecado, o certo e o errado, o bem e o mal, criou os tribunais para julgar os crimes, criou casas para se esconder, carros, estradas, criou os presídios para colocar aqueles que cometiam erros; o homem se viu preso na sua própria casa com medo da violência e dos crimes dos criminosos.


O homem inventou a política com – dizendo o próprio homem – a finalidade de colocar ordem na casa maior chamada sociedade. Disso, surgiram as contas para pagar, os impostos; surgiram os políticos, surgiu a corrupção política, as desigualdades sociais surgiram por consequência, depois veio o desemprego, que assolou a vida social do homem, veio o sentimento de desolação por se ver impossibilitado de pagar as suas dívidas, a desgraçada impossibilidade de pagar os boletos – malditos sejam os boletos!


O homem entrou em depressão, viu a fome invadir a sua casa. O homem se trancou naquele velho quarto fedido e só foi encontrado dias depois, dependurado, o pescoço preso por uma corda que foi a única posse que o homem tinha conseguido pagar sem parcelar.