O homem inventou a sociedade com o
objetivo de se manter vivo em meio aos perigos que outros seres vivos
representavam a ele e contra a violência que o outro homem poderia lhe causar
ocasionando, por consequência, sua morte.
Por isso, inventou leis, regras,
costumes, inventou a tal da ética, criou a moral, a culpa, o pecado, o certo e
o errado, o bem e o mal, criou os tribunais para julgar os crimes, criou casas
para se esconder, carros, estradas, criou os presídios para colocar aqueles que
cometiam erros; o homem se viu preso na sua própria casa com medo da violência
e dos crimes dos criminosos.
O homem inventou a política com –
dizendo o próprio homem – a finalidade de colocar ordem na casa maior chamada
sociedade. Disso, surgiram as contas para pagar, os impostos; surgiram os
políticos, surgiu a corrupção política, as desigualdades sociais surgiram por
consequência, depois veio o desemprego, que assolou a vida social do homem,
veio o sentimento de desolação por se ver impossibilitado de pagar as suas
dívidas, a desgraçada impossibilidade de pagar os boletos – malditos sejam os
boletos!
O homem entrou em depressão, viu a
fome invadir a sua casa. O homem se trancou naquele velho quarto fedido e só
foi encontrado dias depois, dependurado, o pescoço preso por uma corda que foi
a única posse que o homem tinha conseguido pagar sem parcelar.