Redes sociais. Redes, o que você
entende por rede? Aquela de pescador? Aquela de se embalar? Quase isso, não
fosse pela função. Rede de redes sociais é uma rede de pescador que abrange um
número cada vez maior de pessoas, é a rede que conecta, que liga, pessoas de diversos
lugares com uma velocidade impressionante porque imediata. Aquele velho papo: o
que acontece no outro lado do mundo, fica-se sabendo agora-já, nesse mesmo
instante, no mesmo momento em que este texto é escrito, no mesmo momento em que este texto é lido. Cabe a você, leitor,
decidir qual o mais importante: ler a informação sobre o que está acontecendo agora no outro lado do mundo ou ir até a última palavra deste texto. Redes sociais, rede de embalar? O que é
o embalo da rede, da rede de se deitar, senão uma maneira de descansar, de se
distrair com o cansaço que brinca e deixa nosso corpo molenga; então, redes
sociais como rede de se embalar é o entretenimento: muita informação, a todo segundo,
sobre tudo, sobre muita coisa inútil, muita coisa efêmera, que passa... passou,
passou que ninguém viu. Mas quase ninguém vê mesmo. Tem que ser com rapidez,
ninguém quer gastar mais de dez minutos em um assunto, em um click, ninguém está na rede para ficar
24 horas num click. A gente quer clicar em outras coisas, a gente quer
clicar em tudo, a gente quer diversão, “A gente não quer só comida/A gente quer
comida, diversão e arte/A gente não quer só comida/A gente quer saída para
qualquer parte/A gente não quer só comida/A gente quer bebida, diversão, balé/A
gente não quer só comida/A gente quer a vida como a vida quer”. A gente, no fim
das contas, nem sabe o que quer, a gente se deixa levar, de uma informação à
outra, pulando de galho em galho, igual homem primata; a gente esquece por que
tá aqui, a gente esquece por que tá lendo esse texto, a gente enjoou de ler
esse texto, a gente quer sair desse texto pra ir ver outras coisas. Agora a
gente quer rir. Já riu. A gente quer rir mais. Cadê? Ah, agora a gente quer ver notícias sobre política. Que
merda! Nunca ninguém fica preso. Ah, faça-me o favor, meu amigo, prisão domiciliar não é prisão! Todos nós,
na verdade, estamos presos em casa. A gente sai às vezes pra se distrair, mas volta
pra casa e fica enclausurado, entra na internet, vê as notificações das redes
sociais... Já ia esquecendo! Já ia me esquecendo de postar aquela foto! Joga
uns efeitos nela, edita a foto, claro, pra ficar legal, pra mostrar que eu tô legal, que eu tô vivendo, que eu to curtindo... QUANTAS CURTIDAS JÁ?
Tem que ter mais! Tão curtindo! Tão curtindo a minha foto em que eu tô curtindo,
mostrando que não fico preso dentro de casa, apesar de estar preso, apesar de
estar trancafiado e entorpecido nessa droga de rede social, apesar de estar
preso nesse modo de vida, apesar de estar preso a likes, compartilhamentos e
memes... são muitos memes, eu acho muita graça, eu acho muita graça, MUITA GRAÇA! Eu adoro
me embalar nessa rede! Rede boa! E no fim das contas, a gente tá preso; no fim das contas, a gente é peixe, a rede nos prende tais quais peixes,
peixes imbecis... peixes domesticados... peixes... OLHA! Que vídeo fofinho de
peixinho... vou compartilhar!
Analogia perfeita. Somos peixes presos às redes. E curioso o peixe rindo dos outros peixes presos em redes diferentes, mas mesmo assim também presos em suas redes.
ResponderExcluirAcho que o riso é o nosso entorpecente, anesteiador, e as redes são os hospícios. Mas o bom, além de tudo isso, é que existem pessoas como você que fazem da internet também um espaço político. É sempre bom manter esse equilíbrio entre o entretenimento e o que deve ser debatido a sério.
ExcluirAbraços, meu amigo, e obrigado pela atenciosa leitura e pelo certeiro comentário. Voltei a postar texto toda semana!